A eleição deste ano terá 12% de candidatos milionários e 38% sem nenhum patrimônio, além de um candidato bilionário, apontam dados preliminares do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O prazo para registrar candidatura acabou na segunda-feira, mas a Justiça Eleitoral ainda não finalizou a consolidação das estatísticas. Os candidatos podem alterar o valor de seu patrimônio mesmo após o registro.
Até a manhã desta quarta-feira (17), mais de 28 mil candidaturas haviam sido registradas para as eleições de outubro. Os próprios candidatos informam ao TSE sobre o patrimônio que possuem. Segundo o último relatório da Credit Suisse sobre riqueza no mundo, divulgado em 2021, o Brasil tem 207 mil pessoas com fortunas superiores a US$ 1 milhão.
Os milionários estão mais presentes entre os candidatos a presidente (58%) e vice-presidente (50%). Já os sem patrimônio são 40% entre deputados estaduais e 36% entre deputados federais. Dois candidatos à vice-presidência informaram à Justiça Eleitoral não ter bens.
O único candidato bilionário, o herdeiro do grupo Votorantim Marcos Ermírio de Moraes (PSDB), concorre pela 2ª suplência na chapa em que ex-governador de Goiás Marconi Perillo (PSDB) disputa a vaga de senador pelo estado.
Cientista político e professor da Universidade Federal do Paraná, Emerson Cervi diz que o sistema político brasileiro “concentra melhores condições ou maior chance de sucesso eleitoral entre os mais ricos”.
“A gente tende a ter uma replicação que é quase um ciclo vicioso. Se ele tem mais patrimônio, ele tende a ser eleito. E, se ele é eleito, ele tende a manter patrimônio”, comenta.
Pesquisador do Centro de Estudos em Política e Economia do Setor Público (Cepesp) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Arthur Fisch diz que a proporção de milionários sempre é maior entre candidatos do que entre a população brasileira.
“Você ter mais dinheiro te dá mais segurança de fazer campanha. Acaba sendo discrepante em relação ao resto da sociedade”, afirma.
Novo x PCO
O Novo segue como o partido com mais candidatos milionários proporcionalmente. 27% dos candidatos do partido se declaram milionários, seguido pelo PSD (21%), PP (20%), União (20%) e PL (20%).
Segundo Cervi, esse maior percentual entre partidos, de direita e centro-direita, é explicado pela origem social dos quadros dessas siglas.
“São partidos que buscam candidatos numa classe, numa faixa da sociedade que tende a ser classe média para cima. Em geral, não são [candidatos] de origem popular”, afirma.