O presidente Jair Bolsonaro (PL) manteve, no dia seguinte à sabatina do Jornal Nacional, a “cola” escrita à caneta na palma de sua mão esquerda para a entrevista.
Ele mostrou as anotações nesta terça-feira (23) durante discurso em evento de abertura do congresso AçoBrasil, que congrega as empresas brasileiras produtoras de aço. A cerimônia ocorreu na capital paulista.
As palavras escritas na mão são “Nicarágua”, “Argentina”, “Colômbia” e “Dario Messer”. As três primeiras envolvem países com governos de esquerda – Gustavo Petro na Colômbia, Alberto Fernández na Argentina e Daniel Ortega na Nicarágua.
Já Dario Messer repercutiu como o “doleiro dos doleiros”, que afirmou ao MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) que fazia repasses à família Marinho, dona do Grupo Globo. A informação foi publicada pela revista Veja em 2020.
Apesar das anotações, nenhum desses tópicos foi mencionado por Bolsonaro durante a entrevista ao JN, que durou cerca de 40 minutos, na noite de segunda (22).
Essa é a terceira vez que Bolsonaro usa colas em suas mãos: nas eleições de 2018, em sua primeira entrevista ao Jornal Nacional, o então candidato escreveu os termos “Deus”, “família” e “Brasil”. Já no debate da Rede TV!, no mesmo ano, ele anotou as palavras “pesquisa”, “armas” e “Lula” na palma da mão.
O candidato à reeleição ao Palácio do Planalto é o primeiro presidenciável a participar da série de entrevistas da TV Globo nesta semana, que continua com Ciro Gomes, do PDT (23, terça), Luiz Inácio Lula da Silva, do PT (25, quinta) e Simone Tebet, do PMDB (26, sexta).
PANELAS NO HORÁRIO NOBRE
Bolsonaro não passou ileso pelos panelaços durante sua sabatina com William Bonner e Renata Vasconcellos.
Grandes cidades do país tiveram atos na noite desta segunda durante a transmissão da entrevista.
Em bairros como Santa Cecília (região central), Vila Mariana (zona sul), Pinheiros (zona oeste) e Tatuapé (zona leste), em São Paulo, foram registrados protestos contra o presidente nas janelas e sacadas dos edifícios.
No Rio, ocorreram em Botafogo e Ipanema, na zona sul, e em Salvador, no Vale do Canela. Também houve registros em Brasília e em Porto Alegre, entre outras capitais.
O protesto tinha sido convocado ao longo do dia nas redes sociais.