A falta de uma estratégia clara e bem estruturada em comunicação pode custar caro – seja em nível federal, estadual ou municipal. O caso recente da derrota do governo federal na tentativa de aumentar a fiscalização da Receita Federal sobre o Pix ilustra isso perfeitamente. Não foi apenas uma questão de política ou articulação parlamentar, mas, acima de tudo, uma falha em como a mensagem foi passada para a sociedade. A oposição se fortaleceu, o governo perdeu e, mais uma vez, ficou evidente que comunicação não é acessório: é base.

Agora, trazendo esse cenário para Manaus, temos um exemplo muito próximo e igualmente emblemático: o caso de Amom Mandel, deputado federal mais votado proporcionalmente do Brasil. Amom conquistou o eleitorado não só por seu trabalho técnico, mas pela habilidade de comunicação e pela postura combativa enquanto vereador.
Quando converso com amigos sobre ele, a resposta é sempre a mesma: “Votei porque ele brigava pela gente na Câmara Municipal.” O curioso? A maioria dessas pessoas não lembra de projetos de lei que ele propôs, mas sim da forma como ele combatia questões polêmicas que afetavam Manaus diretamente. Isso levanta uma questão importante: Amom venceu mais pelos seus acertos ou pelos erros da Câmara e da Prefeitura?
Os Erros que Viraram Armas
A Câmara Municipal de Manaus foi, ironicamente, o principal cabo eleitoral de Amom. Um exemplo claro foi a polêmica em torno da construção do anexo, apelidado de “puxadinho” por Amom. Esse termo se tornou um símbolo de críticas, ecoando em toda a população manauara. E o famoso “kit selfie”? Outro tema que viralizou e fortaleceu o discurso opositor.
Aqui entra a análise: todos sabemos que a Câmara Municipal precisava de uma ampliação estrutural. É algo quase unânime entre quem já trabalhou lá. Mas qual foi a estratégia da comunicação da época para apresentar esse projeto à sociedade de forma clara e legítima? Nenhuma.

O mesmo vale para o “kit selfie.” Muitos assessores de comunicação chegam à Câmara sem os equipamentos necessários para fazer um trabalho de qualidade. Então, por que não houve um esforço para ir de gabinete em gabinete, mapear as reais necessidades e montar kits básicos que ajudassem essas equipes? Isso não só resolveria problemas internos, como tornaria a iniciativa transparente aos olhos da população.
A falta de articulação transformou problemas solucionáveis em oportunidades perfeitas para a oposição deitar e rolar. Termos como “puxadinho” e “kit selfie” se tornaram símbolos de desgaste, não porque eram questões absurdas, mas porque foram mal comunicadas.
Amom: Mérito e Estratégia
Aqui, é preciso reconhecer os méritos de Amom. Ele soube usar as redes sociais com maestria, combinando clareza, seriedade e até humor, quando necessário. Mas, além disso, ele ocupou o vazio deixado por uma comunicação institucional ineficiente.
O resultado? Amom não só cresceu politicamente como se tornou o deputado federal mais votado proporcionalmente do Brasil. Ele mostrou que, com uma comunicação assertiva e bem planejada, é possível não apenas combater, mas também se destacar.
A Grande Reflexão
Nada do que escrevo aqui é pessoal. Meu objetivo é analisar e aprender com esses episódios. A comunicação – ou a falta dela – foi o grande divisor de águas tanto no caso federal quanto na esfera municipal de Manaus.
Seja qual for o nível de governo, comunicação precisa ser tratada com seriedade, paciência e profissionalismo. Uma mensagem mal articulada não só enfraquece quem a transmite, como também abre portas para críticas, desgastes e, em muitos casos, fortalece a oposição.
Fica aqui a reflexão: quantas dessas situações poderiam ter sido evitadas com mais estratégia e preparo? Paciência e planejamento muitas vezes custam menos do que as consequências de uma comunicação falha