Embora – segundo experientes geólogos da região – ainda exista um longo caminho a ser percorrido até que se prove a viabilidade econômica da exploração, uma alegre e numerosa comitiva de políticos, técnicos e dirigentes de Roraima foi participar da audiência pública na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, realizada ontem (terça-feira), sobre a possibilidade de exploração de petróleo na Bacia do Tacutu. O requerimento para a audiência foi de autoria do deputado federal Gabriel Mota (Republicanos).
Leilão
Autoridades e especialistas discutiram a exploração de petróleo na bacia, localizada na fronteira entre Brasil e a República Cooperativista da Guiana, abrangendo, em território brasileiro, parte dos municípios de Normandia, Bonfim e Boa Vista. A Petrobras diz que pode realizar proximamente leilão para contratação de empresa especializada com previsão para 2025, segundo a gerente de Projetos da Secretaria-Executiva do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Moara Giasson.
Pesquisa
Na audiência, o professor e doutor em Petróleo, Vladimir de Souza, do Curso de Geologia da Universidade Federal de Roraima (UFRR), apresentou resultados das pesquisas realizadas desde 2008, destacando a descoberta de óleo próximo à superfície, a cerca de 30 metros de profundidade. Ele enfatizou a necessidade de mais investimentos em pesquisas geológicas, que são caras e exigem recursos significativos. A UFRR, apesar das limitações, tem contribuído com dados valiosos para a exploração petrolífera na Bacia do Tacutu.
Licenças ambientais
O presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh), Glicério Fernandes, mencionou que apenas 9% das áreas de Roraima podem ser utilizadas devido às restrições legais e enfatizou a necessidade de autorização dos povos indígenas para o início da prospecção, considerando a importância da sustentabilidade e da inclusão das comunidades locais no processo de exploração.
Consenso
Na audiência pública realizada em Brasília, o governador de Roraima, Antonio Denarium, e o prefeito de Boa Vista, Arthur Henrique, encontraram um raro ponto de consenso. Apesar de serem opositores políticos, ambos enfatizaram a importância da união de esforços para o desenvolvimento econômico sustentável do Estado. Denarium e Henrique destacaram que, embora Boa Vista não esteja diretamente na área de exploração, a capital será um hub fornecedor de serviços e produtos para a indústria petrolífera, gerando novas empresas, indústrias, empregos e renda para a população local.
Cortesia
Com direito a tratamento recíproco, o encontro de Brasília contou com a participação do presidente da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), deputado Soldado Sampaio, e do governador Antonio Denarium. Embora os dois se sentassem afastados durante a sessão, mantiveram um comportamento cortês e respeitoso nas interações. Apesar dessa cordialidade, a relação entre Sampaio e Denarium tem sido marcada por tensões. Recentemente, após um rompimento político, Denarium ameaçou levar a questão à Justiça para destituir Sampaio da presidência da ALE-RR, demonstrando que as disputas internas continuam acirradas.