O inverno começou, o Rio Branco subiu consideravelmente, mas a população de Roraima continua sem água nas torneiras. É o caso do mototaxista Ricardo Domingos. Em entrevista à TV Imperial, o trabalhador relatou a situação crítica do bairro João de Barro, na zona Oeste de Boa Vista. É que a caixa d’água, que deve abastecer a região, ainda não foi inaugurada. Já são dois anos de espera pela entrega da obra, que iniciou em maio de 2022 e tinha um prazo de 12 meses para conclusão.
“Está lá só de enfeite. E nós que passamos o dia trabalhando, quando chega em casa… Eu tenho filho pequeno, tenho família e a gente tem que estar pegando água do vizinho emprestado. O vizinho tem um poço artesiano. Se não fosse por isso, a gente estaria em uma situação ainda mais complicada”, contou o homem.
Os moradores chegaram a fazer uma manifestação em frente à caixa d’água do bairro, que sofre com a constante falta do recurso, um direito básico de toda a população.
Desde que o atual governo assumiu a gestão, as denúncias de falta de água aumentaram. Vale lembrar que em novembro de 2021, cerca de 10 bairros de Boa Vista ficaram sem água e a Companhia de Água e Esgotos de Roraima (Caer) levou três dias para resolver o problema. Foram 10 bairros que ficaram desassistidos e dezenas de famílias que tiveram suas rotinas afetadas pela ingerência da estatal.
Um caso mais recente foi registrado no Santa Luzia, na zona Oeste da capital. Em fevereiro deste ano, moradores denunciaram à imprensa que o bairro sofria com a constante falta de água. A casa de dona Maria Irene, por exemplo, estava há quatro meses nessa situação. Apesar disso, segundo ela, a conta já chegou a mais de R$ 800,00. Ou seja, mesmo sem um serviço de qualidade, a cobrança não deixou de chegar, e ainda num valor absurdo.
Contas
Falando nisso, a conta de água foi algo que chamou bastante a atenção da população no mês de julho do ano passado. A Caer triplicou o valor cobrado aos moradores, que ficaram revoltados com a situação. Um dos denunciantes que procurou a reportagem para comentar o problema disse que a conta de sua casa, que costumava ser no máximo R$ 42,00, chegou a R$ 142,00. E tiveram aumentos bem mais absurdos. Uma moradora do Cidade Satélite contou que sua conta chegou a quase R$ 500,00, sendo que antes chegava a no máximo R$ 150,00.
Após diversas denúncias de consumidores, a Caer anunciou um mutirão para revisar valores nas contas de água. A Companhia disse que identificou 9, 4 mil matrículas com inconsistência na medição do consumo, o que alterou os valores das faturas dos usuários. Sim, a população ainda teve que sair do conforto de suas residências para perder tempo tentando resolver o problema que a Caer criou. Muita gente até mesmo resolveu pagar o valor para não ter que enfrentar horas de fila nos mutirões.
E a conclusão é a seguinte: com estiagem ou sem estiagem, com rio seco ou cheio, o problema da falta de água e o péssimo serviço prestado pela Caer em Roraima são fatos que incomodam muita gente durante todo o ano.