Depois de abrir 2023 com duas quedas consecutivas, a produção industrial no Brasil cresceu 1,1% em março, mostram dados apresentados nesta quarta-feira (10) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A alta é a maior apurada desde outubro do ano passado (+1,3%).
O avanço foi suficiente para reverter os resultados negativos contabilizadas em janeiro e fevereiro. Assim, o segmento responsável por cerca de 20% do PIB (Produto Interno Bruto) acumula alta de 0,2% no primeiro trimestre, na comparação com os últimos três meses de 2022.
Apesar da melhora em março, os números da PIM (Pesquisa Industrial Mensal) indicam que a recente sequência ruim coloca a produção do setor em um patamar 1,3% abaixo do apurado em fevereiro de 2020, o último mês sem os efeitos da pandemia na atividade econômica nacional.
“Há uma melhora de comportamento da produção industrial, especialmente considerando esse crescimento de magnitude mais elevada, mas ainda está longe de recuperar as perdas do passado recente”, avalia André Macedo, gerente responsável pela pesquisa.
Os recentes dados ruins da indústria surgem em meio ao elevado patamar da taxa básica de juros, que tem motivado críticas do governo à diretoria do BC (Banco Central). Para a CNI (Confederação Nacional da Indústria), a manutenção da taxa Selic no maior patamar dos últimos seis anos é “equivocada” e “apenas traz custos adicionais para a atividade econômica”.
“Ainda permanecem no nosso escopo de análise as questões conjunturais, como a taxa de juros em patamares mais elevados, que dificultam o acesso ao crédito, a taxa alta de inadimplência e o maior nível de endividamento por parte das famílias, assim como o grande número de pessoas fora mercado de trabalho e a alta informalidade”, analisa Macedo.
Segmentos
Das 25 atividades investigadas pela pesquisa, 16 avançaram em março, na comparação com fevereiro. As principais influências para o resultado positivo do mês partiram dos ramos de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (+1,7%), máquinas e equipamentos (+5,1%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (+6,7%).
De acordo com Macedo, a alta do setor de setor de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis é originada em uma base de comparação depreciada devido às perdas contabilizadas pelo ramo em janeiro e dezembro. “Também podemos destacar o aumento na produção de itens como gasolina automotiva e óleo diesel entre os fatores que impulsionaram esse crescimento”, afirma o pesquisador.
Ainda no campo positivo, outros destaques foram os setores de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (3,2%), de outros equipamentos de transporte (4,8%), de produtos químicos (0,6%), de couro, artigos para viagem e calçados (2,8%) e de produtos de minerais não metálicos (1,2%).
Por outro lado, o segmento de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-4,7%) exerceu a principal influência entre as oito atividades que recuaram no mês. O setor havia crescido por três meses consecutivos, acumulando ganho de 13,5% no período. Os setores de móveis (-4,3%) e de produtos de metal (-1,0%) também se destacaram entre as quedas.