O deputado estadual Renato Silva (Podemos) apresentou denúncia na Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) na qual aponta suposta interferência do governo estadual nas eleições suplementares de Alto Alegre para beneficiar o candidato Wagner Nunes (Republicanos).
O parlamentar formalizou o ofício dois dias antes do pleito de domingo (28), mas a Folha só conseguiu acessar o documento nesta sexta-feira (3). Nele, Silva pede que o Poder Legislativo fiscalize e responsabilize os possíveis autores por desvios de finalidade e improbidade administrativa.
Ele argumentou que a Justiça Eleitoral e o Ministério Público Eleitoral (MPE) reconheceram o uso da máquina pública estadual em Alto Alegre. Em contato com a Folha, o denunciante enfatiza que existem investigações sobre o caso no MPE e na Polícia Federal (PF), e que decidiu levar o assunto à discussão no parlamento para verificar de quem foi a ordem para interferir no pleito.
“O governador [Antonio Denarium] tem que explicar isso, porque, se não, chegaremos às eleições suplementares em outubro, como é que vai ser? Vão usar da mesma forma? Da força da máquina? Não vai existir mais eleições para se disputar em Roraima de igual pra igual?”, questiona.
Na denúncia, Renato Silva citou que, mesmo com a recomendação do Ministério Público de Roraima (MPRR) para interromper ações sociais do Governo durante a eleição, foi possível verificar diversos veículos do Poder Público e servidores estaduais pela cidade nos dias que antecederam o pleito.
O deputado vê ilegalidades no pagamento de diárias para que funcionários do Estado se deslocassem ao Município e no abastecimento das viaturas governamentais.
O parlamentar ainda lembrou da fiscalização do Ministério Público de Contas de Roraima (MPC-RR) na SeCidades (Secretaria Estadual das Cidades) e incluiu na denúncia o fato de Mathias Mendes Queiroz, filho do candidato a vice-prefeito, Irmão Max (Progressistas), trabalhar na SeCidades. “Demonstra ainda mais o desvio e abuso de poder econômico”, complementa. Citados, eles ainda não responderam à reportagem.Play Video
Renato Silva também diz que a operação da Polícia Civil de Roraima contra Pedro Henrique Machado (PSD) seria para, supostamente, atingir o candidato apoiado pelo ex-prefeito, o prefeito interino Valdenir Magrão (MDB).
O deputado diz que o inquérito policial que resultou nessa ação tem inconsistências, como pressa na apuração em meio à campanha eleitoral, sendo que a investigação iniciou quando Machado ainda era prefeito. “Por aparente intuito eleitoreiro, houve aparente pressa na tramitação, de modo que sequer houve o pedido de autorização de investigação ao Tribunal de Justiça do Estado de Roraima”, diz.
Por fim, Silva citou que, na medida em que se aproximavam as eleições, mais veículos de órgãos estaduais, como Iteraima (Instituto de Terras e Colonização de Roraima) e Sesau (Secretaria Estadual de Saúde), eram vistos pela sede, vicinais e vilas da cidade do Norte de Roraima.
Até a publicação da reportagem, o Governo de Roraima não comentou a denúncia. A ALE-RR ainda se pronunciou sobre o assunto.