Conforme o Portal Alex Braga revelou desde o início, o duplo homicídio que vitimou o casal Jânio Bonfim de Souza, de 57 anos e Flavia Guilarducci, 50, em Cantá, pode ter ligação direta com o governo de Antônio Denarium. Quem acusa o Governo de saber do crime antes do ato ser consumado e agir depois do crime, é o ex-segurança pessoal do governador, o capitão da Polícia Militar Helton Jhon da Silva de Souza, preso por envolvimento nas mortes.
O depoimento dele no interrogatório caiu como uma bomba no colo de Denarium. O capitão afirma que tratou do crime com a alta cúpula do Governo e esperou ordens até o último minuto antes dos tiros fatais, no dia 23 de abril, na Vicinal do Surrão. E tratou do crime, depois.
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Helton disse que tratou diretamente com o comandante da Polícia Militar, coronel Miramilton Goiano, e que depois dos duplo homicídio, os irmãos Caio e Tiago Porto foram falar diretamente com Denarium. O crime, como o Portal do Alex Braga revelou, foi obra da disputa de terras por grileiros no estado, disputa que supostamente tem envolvimento do Governo e de órgãos de controle, como também foi relevado pelo núcleo de investigação do Portal Alex Braga.
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“Fui pra casa, e tentei ligar pro Caio, liguei pro Tiago mas não atendeu. Não consegui dormir, no outro dia o Tiago me ligou e disse que já tinha falado com advogado, e que assim que fosse relaxada a prisão dos dois que haviam sido flagranteados, ele iria se apresentar”, relata Helton
“Na quinta-feira assumi o serviço, quando deu por volta das 10h, eu estava na sala da segurança. Quando fomos informados que o governador ia se deslocar pra fazer uma gravação, foi quando saímos pra esperar o governador, e ele vinha descendo, conversando com o Tiago, e outras pessoas. Aí cumprimentei ele de cabeça, ai o governador atravessou pra gravar o convite pro último comício da eleição suplementar de Alto Alegre”, disse.
Proteção aos supostos assassinos?
Helton afirmou no dia 27 de junho, na Delegacia Geral de Homicídios, que o plano dos irmãos Porto esta esperar o flagrante passar para que se entregassem. Ao falar com o comandante da PM subordinado ao governador, ele revela toda a trama que compromete Denariun.
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“Precisando falar com o senhor Urso Urso. O senhor está sabendo da situação ali do Cantá, e ele perguntou se era o caso da família Porto, falei que sim, e disse que estava no meio, e que eu estava lá”, disse ao coronel Miramilton.
“O Tiago ficou desse lado e eu perguntei, e aí Tiago como é que ficou? Ele disse que havia conversado com o governador e que ele teria tentado ligar pra delegada geral duas vezes, mas não conseguiu, e que não estava sabendo o que estava acontecendo”.
“Aí contei toda a situação lá. Ele disse que estava sabendo e que ia me dar retorno, e perguntou pelo meu celular, se eu estava com o celular lá, falei que estava, aí ele disse, então troca o celular, falei sim senhor”, relatando ao delegado que trocou o aparelho, mas permaneceu com o mesmo número, e que deu o telefone para o seu filho vender.
Tanto Denarium quanto Miramilton negam envolvimento com o crime.
“O Tiago ficou desse lado e eu perguntei, e aí Tiago como é que ficou? Ele disse que havia conversado com o governador
Duplo homicídio e disputa por terras
O casal foi morto a tiros na vicinal do Surrão, no município do Cantá, onde teve a casa invadida no dia 23. No dia seguinte, Jânio Bonfim de Souza, de 57 anos, não resistiu aos ferimentos e morreu. A esposa dele, Flávia Guilarducci de Souza, de 50 anos, foi baleada na cabeça e na boca, e morreu cinco dias depois, no domingo (28), no Hospital Geral de Roraima (HGR).
Os dois suspeitos presos foram identificados como Genivaldo Lopes Viana, de 53 anos, e Luiz Lucas Raposo da Silva, de 35 anos. No celular de Flávia foi encontrado um áudio gravado instantes antes dos tiros. Antes de morrer, o próprio fazendeiro entregou que havia atirado neles.
Nele, dois homens conversam com o agricultor sobre a posse da propriedade onde ele vivia com a esposa e faz uma proposta para Jânio sair do local. O homem nega. Os áudios foram divulgados pelo G1.
Diálogos gravados na hora do crime
Jânio Bonfim: (…) Agora você vem fazer a proposta para querer tirar eu da terra pra me levar pra outra [terra] falando que esse local é seu (…) não, não, não (sic).
Um suspeito rebate: Vai parar, já foi feito registro de ocorrência, foi feito tudo, já foi enviado lá. Ontem mesmo eu falei lá com a presidente, entendeu? A gente vai desenrolar essa situação (…) mas tá bom, a gente veio aí para ver.
Suspeito 1: Falaram que eu estava armado, não sei o quê. Armado eu tô mesmo ô. É quando se escutam dois disparos.
Suspeito 2: Não faz isso não, não faz isso não.
Suspeito 1: Bora, bora, bora.
Em seguida, mas quatro tiros.
Grilagem, mortes e denúncias contra Denarium
A vítima em questão é Jânio Bonfim de Souza, era tio de Ytallo Fernando Guilarducci de Lima, um engenheiro agrônomo que trabalha como diretor do Instituto de Terras e Colonização do Estado de Roraima – ITERAIMA, órgão denunciado por facilitar a falsificação de documentos e títulos no esquema de grilagem.
O Portal Alex Braga segue acompanhando o caso passo a passo.
De acordo com as fontes, todo o sistema de apropriação indevida de terras funciona em ação conjunta do Instituto de Terras e Colonização de Roraima – ITERAIMA; Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos – FEMARH; Instituto Nacional da Colonização e Reforma Agrária – INCRA; e Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Roraima – CRECI-RR sob ciência e autorização do governador Antônio Denarium.
As denúncias afirmam que os órgãos acima citados operam em conluio para:
- Apropriação indevida de terras;
- Falsificação de documentos;
- Emissão de certificados de posse falsos;
- Emissão de novos títulos fraudulentos;
- Publicação de disponibilidade dos terrenos em redes sociais;
- Vendas para novos proprietários.
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Denunciado por grilagem, suspeito de envolvimento em duplo homicídio e acusado de manter trabalhadores em regime de escravidão dentro de suas terras em Roraima. Essa é a ficha de Caio Porto, um dos acusados de ser executor das mortes do casal do casal Flávia Guilarducci, de 50 anos, e Jânio Bonfim de Souza, de 57, em Cantá, na guerra por posse de terras ilegais no estado.
A lista de empregadores do trabalho escravo em Roraima foi publicada pela Secretaria de Inspeção do Trabalho, vinculada ao Ministério da Economia, em 2019. O estabelecimento carimbado como ponto de exploração do trabalho humano é a empresa C. de M. Porto – ME, a Porto Eventos, em Boa Vista, que pertence a Caio Porto e ao pai dele, Renan Prates Porto.
A firma foi alvo de investigação em março de 2017. Lá, os fiscais encontraram três venezuelanos e três cubanos. Os estrangeiros não tinham contrato, ganhavam abaixo do mercado e tinha jornadas abusivas de trabalho, revelando que, além de tomar terras do estado, Caio Porto usa como método de enriquecimento a exploração de trabalhadores braçais.
Escravidão, grilagem e duplo homicídio
Nos últimos dias, Roraima virou notícia nacional, após o casal Flávia Guilarducci, de 50 anos, e Jânio Bonfim de Souza, de 57, acabarem executados em Cantá. Além de Caio Porto, o chefe da segurança pessoal do governador Antônio Denarium e mais três suspeitos são investigados pelo duplo homicídio, motivado pelo suposto interesse do grupo do governador na posse de terras.
O Portal Alex Braga vem mostrando uma série de reportagens do suposto esquema de grilagem comandado pelo governador, que resultou no assassinato do casal e no envolvimento de órgãos de controle sobre posse de terras, com uso de laranjas e documentos frios para burlar a Lei.
De acordo com a polícia, um dia antes do crime, Genivaldo Lopes Viana, de 53 anos, Caio Porto e Johnny de Almeida Rodrigues compraram munições. De acordo com um vizinho que socorreu o casal após os tiros, Caio Porto ameaçou o casal no dia em que comprou as munições.
Os nomes dos envolvidos foram denunciados por Jânio Bonfim, que mesmo ferido conseguiu apontar os responsáveis pelo crime, e por uma gravação no celular de Flávia, que durante a invasão gravou áudio dos executores dentro da residência do casal.
O mesmo áudio levou a polícia ao PM Helton John Silva de Souza, segurança de Denarium que segue investigado por participação nos dois assassinatos.
Ligações perigosas
Jânio Bonfim de Souza era tio de um engenheiro do Iteraima, Ytallo Fernando Guilarducci de Lima, um engenheiro agrônomo que trabalha como diretor do Instituto de Terras e Colonização do Estado de Roraima – ITERAIMA, órgão envolvido no susposto esquema.
Esta semana o Portal Alex Braga revelou que a presidente do órgão, Dilma Costa, acusa o Incra de emitir documentos falsos para facilitar o esquema.
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A Polícia Civil afirma que segue investigando o duplo homicídio. Os dois suspeitos presos foram identificados como Genivaldo Lopes Viana, de 53 anos, e Luiz Lucas Raposo da Silva, de 35 anos. No celular de Flávia foi encontrado um áudio gravado instantes antes dos tiros. Antes de morrer, o próprio fazendeiro entregou que havia atirado neles.
“As investigações estão buscando alcançar todos os envolvidos no caso, assim como esclarecer a identidade dos interlocutores que constam na gravação viralizada nas redes sociais sobre o caso”, afirma o delegado Ronaldo Sciotti.